sexta-feira, 15 de abril de 2016

Metabolismo Básico da Testosterona

Esteroides são classes de medicamentos que contém o hormônio testosterona em forma sintética, ou um outro componente derivado da mesma ou com estrutura molecular parecida.

A testosterona é o hormônio masculino primário, e produzido pelas células de Leyding, nos testículos.

Seus efeitos são mais perceptíveis na adolescência, quando ocorre uma produção normalmente maior do que todo o período de vida da pessoa. Neste período o homem passa por várias mudanças em seu corpo como a mudança no tom de voz, ficando mais grave, crescimento de mais pelos pelo corpo, maior produção de óleo pelas glândulas sebáceas, desenvolvimento do órgão sexual, maturação do esperma e aumento da libido (desejo sexual), podendo ser, estes efeitos, definidos como androgênicos. Além disso, como resultado, temos também efeitos anabólicos no corpo, como maior síntese de proteína.

A produção diária em um homem gira em torno de 2,5 à 11mg por dia, já nas mulheres temos 0,25mg, sendo que o hormônio predominante é o estrogênio.

A testosterona pode interagir com várias células no corpo, como células do músculo esquelético, pele, couro cabeludo, rins, ossos, sistema nervoso central e próstata.

A testosterona corre livre pelo sangue e tecidos, porém, irá interagir apenas com os tecidos que possuem os receptores específicos. Pode-se fazer uma analogia deste processo a associação chave-fechadura. Onde a chave seria o hormônio, e a fechadura o receptor androgênico, responsável por captar esta molécula de testosterona e englobá-la.

O processo começa quando a testosterona é "puxada" pelo receptor androgênico, localizado no citoplasma celular. A partir daí este complexo receptor é "ativado". O complexo (hormônio + receptor) é migrado para o núcleo celular, onde será encaixado em uma seção específica do DNA, responsável pela resposta ao hormônio. Isto irá ativar a transcrição de um gene específico, o qual, no caso dos músculos esqueléticos, o qual, entre outras respostas, irá aumentar a sintese das proteínas contráteis primária, que são a actina e miosina, responsáveis pelo processo de crescimento muscular. Além disso, também ocorre uma maior retenção e estocagem de carboidrato no tecido muscular devido a ação androgênica.



Após este processo ser completado, este complexo é dissociado do núcleo e a conexão hormônio receptor, é desfeita, ficando o hormônio livre em circulação para interagir com outras células. O processo completo do receptor é descrito em passos que são a conexão ao hormônio, migração do complexo, transcrição genética e retorno ao citosol. Este processo leva horas para ser completado. Por exemplo, em testes com a Nandrolona, foi analisado um tempo entre 4 a 6 horas até a molécula do hormônio ficar novamente livre no citoplasma.

Foi sugerido que, este processo também ocasiona um aumento no número de receptores após a finalização do processo.

Nos Rins, este mesmo processo ocorre, porém, com um outro resultado que é a eritropoiese (produção de células vermelhas do sangue), consequentemente aumentando a capacidade de transporte de oxigênio.

Um erro muito comum é associar a eritropoiese exclusivamente a oximetolona ou boldenona. Na realidade este estímulo ocorre com quase todos os esteroides anabólicos/androgênicos, já que a eritropoiese ocorre pela ativação dos receptores androgênicos nos rins, e não como característica de uma droga específica. Uma exceção a este fato são componentes como DHT (dihydrotestosterona) e alguns de seus derivados, que são rapidamente quebrados com a interação da enzima 3-alfa-hidroxysteroid dehydrogenase (3-alpha-HSD), apresentando uma fraca ligação a esse tecido.

O tecido adiposo também é sensível aos androgênicos, alterando o potencial lipolíticos das células, acompanhado da regulação da concentração de receptores beta-adrenérgicos (lipolítico) ou ativiade celular de modo geral (pela adenilato ciclase). Existe uma relação inversa referente a quantidade de androgênicos no corpo e o % de gordura (body fat). Quando ocorre uma redução nos androênicos, há um aumento no acúmulo de gordura e vice-versa.

Outra ativação dos receptores é feita pela conversão da testosterona em DHT pela 5-alfa-redutase. Isso inclui tecidos como glandulas sebáceas, responsável pela secreção de óleo na pele. Com o aumento da produção de óleo na pele, aumenta as chances de entupimento dos poros e consequentemente, o aparecimento de espinhas.




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